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Valor Econômico - TransferWise levanta US$ 292 milhões e planeja crescer no Brasil

9 de janeiro de 2020

Por Sérgio Tauhata, Valor — São Paulo

 

A fintech inglesa de transferência de valores TransferWise realizou hoje uma nova rodada de investimentos pela qual levantou US$ 292 milhões em uma oferta secundária. O montante elevou o “valuation” da companhia para US$ 3,5 bilhões, o dobro da avaliação anterior.

 

Na rodada secundária, liderada pelos fundos Lead Edge Capital, Lone Pine Capital e Vitruvian Partners, os investidores Andreessen Horowitz e Baillie Gifford expandiram seus investimentos na TransferWise. Fundos geridos pela BlackRock também adquiriram participação de investidores mais antigos.

 

A startup, fundada em 2011, já levantou US$ 689 milhões em rodadas primárias e secundárias. A empresa oferece um serviço de transferências internacionais de valor com taxas muito mais baixas que as instituições financeiras tradicionais.

 

“Desde sua criação, lutamos para acabar com uma prática tradicional no mercado de ocultar o spread que é cobrado na taxa de câmbio”, afirmou ao Valor Kristo Käärmann, sócio fundador e CEO da TransferWise.

 

No modelo da fintech, os valores são transferidos para uma conta local da TransferWise, que então aciona outra conta local, mas no país de destino, para enviar os valores convertidos pela taxa de câmbio comercial. Na prática, o processo elimina as conversões e os custos de transferências diretas de valores entre fronteiras, como as realizadas por meio da plataforma da Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT).

 

No Brasil, a fintech começou a operar em abril de 2016. Hoje o país é um dos cinco principais mercados para a TransferWise. Desde o início da operação no país, os clientes brasileiros já enviaram mais de R$ 6 bilhões por meio da solução.

 

Segundo a fintech, os parceiros bancários no Brasil são o banco Rendimento e o MS Bank. O próximo passo para a expansão das operações no país é a obtenção de licença de corretora de câmbio. Conforme a empresa, o pedido já feito ao Banco Central, “está nos trâmites finais”.

 

Uma das metas aqui, segundo Käärmann, é ampliar a oferta da solução para pequenos e médios negócios. “É vantajoso porque o nosso modelo permite economizar em taxas e outros custos” do mercado de câmbio, afirmou o CEO.

 

No mundo todo, a TransferWise processa mensalmente cerca de US$ 5 bilhões, atende 5 milhões de usuários em mais de 170 países e permite a transferência e conversão de 49 moedas. De acordo com Käärmann, a economia em taxas bancárias alcança US$ 1 bilhão por ano.

 

Desde 2017, explicou o CEO, a fintech apresenta lucro líquido. No último balanço divulgado, relativo ao ano fiscal que terminou em março de 2018, a companhia registrou receita de 117 milhões de libras e lucro líquido de 6,2 milhões de libras (cerca de US$ 7,88 milhões).

 

Segundo Käärmann, a fintech não tem planos de abrir capital em um horizonte de curto e médio prazo. “Eventualmente, poderemos chegar nesse ponto, mas não temos planos, ainda temos muito a crescer dentro do nosso modelo”, disse.

 

De acordo com o jornal Financial Times, com essa nova rodada de aumento de capital a TransferWise se tornou a fintech mais valiosa da Europa e seus fundadores, Käärmann e Taavet Hinrikus, são os homens mais ricos da Estônia.